Você deve estar a se perguntar: o que é Taquigrafia? Convencionou-se dizer que a Taquigrafia é “A arte de escrever tão rápido quanto se fala.”. Taquigrafia é um termo geral que define um sistema gráfico de sinais abreviados ou simbólicos de escrita que permite melhorar a velocidade da escrita. Desse modo, utilizando qualquer método taquigráfico é possível registrar informações a uma velocidade mais elevada que a da escrita comum.
O taquígrafo é o profissional responsável por fazer esses registros, os quais são chamados de notas taquigráficas. Tais notas possuem fé pública, haja vista que o taquígrafo acompanha em tempo real toda as sessões (legislativas ou dos tribunais), certificando, assim como faz um servidor do cartório com os documentos a ele apresentados, que aqueles pronunciamentos são verídicos, sem qualquer alteração, a fim de evitar o que se vê corriqueiramente na manchete dos jornais, ao se falar de gravações e filmagens editadas, matérias compradas, escritores/jornalistas parciais etc.
Ao contrário do que algumas pessoas costumam propagar, o trabalho dos taquígrafos é importantíssimo, pois, não há no mundo nenhum software que consiga captar e transcrever ipsis litteris e sem erros a fala humana. Todos os recursos tecnológicos de captação e transcrição da fala, inclusive utilizados pelos taquígrafos para facilitar no processo mecânico de digitação, são eivados de incorreções grotescas, diga-se de passagem. Daí depreende-se a relevância do trabalho do taquígrafo não só de apanhamento e transcrição, mas também de revisão dos textos. Cabe ao taquígrafo revisar todos os pronunciamentos, mantendo a sua lisura, fidedignidade e o enquadramento às regras gramaticais e normas técnicas imprescindíveis a discursos de um Parlamento. E, o mais importante, colocar em todas as frases transcritas a entonação que o orador quis dar. Pois, só o taquígrafo, profissional presente nas sessões plenárias e de julgamento, é capaz de captar o espírito do orador.
É por meio do discurso que o orador manifesta sua cultura, suas opiniões e sua relação com o meio e grupos de interesse. Portanto, a manutenção da fidelidade ao discurso do orador se faz imprescindível, sob o risco de se ver corrompida a mensagem e, muito além disso, o contexto histórico da própria manifestação. O discurso é a ferramenta pela qual a atividade parlamentar se torna mais visível aos olhos da sociedade.
Manejar o texto com zelo, capricho e cuidado, baseado nas normas e procedimentos regimentais, é tarefa árdua, mas inerente ao ofício do taquígrafo que, dotado de fé pública, testemunha o discurso para o povo, utilizando-se do apanhamento das notas taquigráficas e transpondo para o texto escrito, servindo de mais um instrumento para a transparência dos Poderes.
Após todo esse trabalho de revisão e padronização, ao taquígrafo é dada a tarefa de tornar públicas, da forma mais célere possível, as notas taquigráficas, o que é feito por meio dos recursos tecnológicos. Essas são veiculadas pelos mais variados meios de comunicação: os diários oficiais, portais institucionais, redes sociais.
E não para por aí: as notas taquigráficas têm valor documental! Elas ficam arquivadas permanentemente nos departamentos de Taquigrafia, disponíveis a qualquer tempo para consulta dos interessados, haja vista que o discurso parlamentar é fonte primária de pesquisa e sua divulgação contribui para preservar práticas democráticas. Assim, se um pesquisador, um jornalista, um estudante ou qualquer cidadão, quiser informações para uma pesquisa, reportagem, trabalho escolar ou universitário, ou quiser ter conhecimento sobre o parlamentar que elegeu, saber quem aprovou um determinado projeto ou não e quais foram as justificativas para tal fato, é só ter acesso às notas taquigráficas mantidas pelos departamentos de Taquigrafia.
Seja na fase final do processo legislativo, seja na tarefa relacionada à fiscalização dos atos dos demais Poderes, é por meio dos seus discursos que os parlamentares manifestam a vontade da população. O resultado de toda atuação parlamentar se opera no Plenário; é nele onde todas as proposições são apreciadas; todos os outros poderes enviam suas prestações de contas para que lá, de público, elas sejam validadas. A Taquigrafia colhe o trabalho desenvolvido, deixando para a história o registro fidedigno e definitivo.
Sendo assim, são os taquígrafos – profissionais, sempre prontos e atentos às necessidades dos Poderes – que registram cada palavra, cada gesto e traduzem o dia a dia de uma Casa Legislativa ou dos mais diversos Tribunais. São profissionais valorosos que carregam consigo, através do registro taquigráfico, a memória, o registro histórico de debates e discussões importantes para o futuro da sociedade. É um trabalho delicado, cheio de nuances e de muita responsabilidade.
Neste momento de pandemia em que os Poderes se reinventam, os taquígrafos continuam cumprindo a sua missão de dar fé pública às notas taquigráficas por meio do teletrabalho. Da mesma maneira que a produção do Legislativo e do Judiciário não podem parar, o trabalho dos taquígrafos também não pode parar, dando assim transparência à sociedade, no cumprimento da lei.
UNATAQ – Entidade Parceira da FENALE
União Nacional dos Taquígrafos
Fontes:
www.unataq.com.br
www.fenalegis.org.br
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